sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Peixes


Chegamos à última parábola do capítulo 13 de Mateus. Aqui uma rede é lançada ao mar e apanha todo tipo de peixe. Os pescadores, identificados como sendo os anjos, fazem a separação dos peixes bons e ruins antes de lançar estes últimos na fornalha.

Quando diz que há peixes bons e ruins, isso não tem a ver com as coisas que os peixes fizeram, com suas boas ações e más ações. Por acaso você conhece algum peixe ruim no sentido de malvado, ou um peixe bom no sentido de honesto? Peixes são o que são.

Não são pessoas boas que vão para o céu, mas pecadores perdoados e purificados graças ao sacrifício de Cristo na cruz. Deus transforma pecadores em salvos, como se transformasse peixes ruins em bons dando eles uma nova natureza. Digamos que antes de crer em Jesus você fosse uma sardinha podre e fedida, e agora é um salmão vivo e vibrante. A idéia é essa.

Esta parábola também mostra que no reino dos céus há falsos e verdadeiros convivendo lado a lado. Portanto não confie em tudo o que traz o nome de cristão, evangélico, católico, bíblico etc. Produtos piratas podem ser idênticos ao original.

Existe um ponto positivo em tudo isso. Não há muitos falsos budistas, muçulmanos ou hinduístas por aí. Mas falsos cristãos existem às pencas. Por que será? O grande falsificador, o diabo, não perde o seu tempo falsificando aquilo que, por natureza, já exalta o homem e seus esforços.

Deixe-me explicar. Todas as religiões são iguais neste sentido: dão ao próprio homem e aos seus esforços o mérito de sua salvação. O evangelho diz que tudo vem de Deus, que você é salvo por graça e não por suas boas ações, sua conduta etc.

Agora você vai dizer que é uma posição exclusivista e politicamente incorreta afirmar que o cristianismo é a única fé verdadeira. Sim, eu sei. Não há como evitar. Não importa que religião você professe, ou até mesmo se não professa nenhuma ou acha todas elas boas, ao adotar qualquer posição você exclui as outras. Assim como dois corpos não podem ocupar uma mesma posição no espaço, qualquer posição é excludente.

Ao se indignar contra a minha posição você me exclui. Até mesmo quem acredita que todas as religiões estão certas adota uma posição que exclui os que pensam o contrário. E, o que é pior, quem acha que todas as religiões são verdadeiras coloca-se na posição de conhecedor de todas as religiões, o que nenhum dos exclusivistas ousaria fazer, por não ser lá muito humilde.

A questão é simples: Jesus disse "eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim", ele é o único caminho, o que exclui todos os outros caminhos.

Leitura: Mateus 13:47-50

Fonte: texto de Mário Persona adaptado | http://www.3minutos.net/2008/10/54-peixes.html

A pérola


À semelhança da parábola do tesouro escondido, a da pérola de grande valor é breve, porém igualmente significativa. Trata-se de um negociante que encontra uma pérola caríssima e decide vender tudo para ficar com ela. Precisa dizer quem é o negociante?

Mais uma vez você irá encontrar pessoas invertendo a interpretação e aplicando a figura do negociante ao pecador que encontra as boas novas do evangelho e abre mão de tudo para ficar com Jesus. Ok, vamos supor que seja assim analisando alguns que tiveram um encontro com Jesus nos próprios evangelhos.

Há um cego de nascença que abriu mão de sua cegueira, um leproso que abriu mão de sua lepra e até um ladrão condenado que abriu mão dos cravos que o pregavam a uma cruz. Não me parece que ser cego, leproso e condenado à morte seja exatamente o que consideramos um negociante bem sucedido, não é mesmo?

Agora imagine alguém que, sendo Deus, não fez disso uma limitação para esvaziar-se, se tornar um servo e assumir a semelhança dos homens, suas criaturas. Imagine Deus descendo à forma humana humilhando-se a ponto de ser submisso até à morte, e morte de cruz! Imaginou? Então você acaba de entender quem é esse negociante que abriu mão de tudo para ficar com a pérola de grande valor.

Agora vamos à pérola. Primeiro, ela não faz coisa alguma. Apenas o fato de ela existir é suficiente para fazer dela o objeto de desejo desse homem. Afinal, a parábola diz que ele procura pérolas preciosas, e não haveria esperança para nós se a iniciativa não tivesse sido dele. A recíproca não é verdadeira. No livro de Romanos diz que não há um que procure a Deus.

Assim como a pérola é o resultado do ferimento causado por um grão de areia que penetra na ostra, a igreja, ou o conjunto dos salvos por Cristo, é uma conseqüência de sua morte na cruz, de seu lado ferido pela lança do soldado romano, pelo seu sangue derramado para nos purificar de nossos pecados.

A pérola foi tirada das profundezas escuras do mar. A igreja, e quando digo igreja quero dizer as pessoas salvas por Cristo, foi tirada do mais profundo abismo do pecado e da morte para ser chamada de pura e preciosa por Deus. Assim como a pérola é perfeita, assim Deus enxerga o conjunto dos que foram salvos por Jesus.

Porém, se a pérola é a manifestação perfeita daquilo que é valor para Deus, os peixes da próxima parábola voltam a nos lembrar da mistura que existe no caráter exterior do reino dos céus. Nele o que cai na rede é peixe, mas nem sempre é peixe bom. Na próxima postagem.

Leitura: Mateus 13:45-46

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/53-perola.html

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O tesouro


Na parábola anterior a mulher introduz fermento na massa. Será coincidência encontrarmos em Apocalipse a figura de uma mulher a corromper e negociar almas? Creio que não. O apóstolo João diz ter ficado surpreso quando a viu. Talvez esperasse ver a noiva, a igreja, como a que veria mais à frente, mas o que viu foi a meretriz, Babilônia.

Aqui o reino dos céus é comparado a um tesouro escondido em um campo. Se você já aprendeu que o campo é uma figura do mundo, quem poder ser esse que vende tudo para ficar com o tesouro? O mesmo que saiu a semear a semente no campo nas duas primeiras parábolas: Jesus.

Outros interpretam de outras maneiras. Alguns dizem que o tesouro é o evangelho, outros que o tesouro é Cristo, dando a entender em ambos os casos que somos nós que vendemos tudo para ficar com esse tesouro. Mas será que você realmente acredita ter algo para dar a fim de ter Jesus.

E se eu não tenho nada, se sou um miserável pecador perdido, o que vou vender para poder desfrutar de Jesus? Em Isaías 55 Deus convida a todos os que não tem dinheiro algum, e em Efésios 2 diz que somos salvos pela graça e por meio da fé, não por alguma coisa vinda de nós.

Na história de minha salvação eu só sei de um que abriu mão de tudo para me salvar. Só conheço um que a Bíblia diz que, sendo rico, se fez pobre. Só um que chegou a ponto de dar a própria vida por mim. Só um que, com a sua morte, comprou também o campo inteiro, como faz o homem da parábola. E o campo é o mundo.

Você não fica arrepiado só de pensar que Jesus enxerga você como um tesouro pelo qual valeria a pena morrer? O que ele pode ter visto em você para considerá-lo assim?

Quando alguém ama, não ama pelo que a outra pessoa tem, mas pelo que ela é. E você e eu, apesar de criados por Deus, fomos arruinados pelo pecado, aprisionados por um tirano e destinados à morte. Jesus achou que valia a pena abrir mão de tudo para nos ter para si. Só ele podia nos amar tanto assim.

Leitura: Mateus 13:44

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/52-o-tesouro.html

O fermento



Depois de apontar que o crescimento da cristandade trouxe para seus ramos as mesmas aves que arrebatam a verdadeira semente que o semeador semeou, a parábola seguinte também fala de crescimento, ou mais precisamente da origem desse crescimento.

Antes que você acredite no que dizem alguns teólogos, que o fermento nesta parábola é o evangelho que faz o cristianismo crescer no mundo, faça uma busca pela palavra "fermento" em www.bibliaonline.com.br. Em toda a Bíblia o fermento aparece como má doutrina ou má conduta. Nunca é algo positivo.

Na parábola da semente de mostarda o reino dos céus é grande e influenciado pelas aves que vêm de fora. Nesta parábola a massa é corrompida pelo fermento que vem de dentro. No capítulo 20 de Atos o apóstolo Paulo adverte os cristãos de Éfeso que o rebanho seria assolado por lobos, de fora para dentro, e que do meio deles surgiriam homens distorcendo a Palavra de Deus e gerando destruição de dentro para fora.

A massa é a matéria prima para fazer pão, que é um alimento e figura da Palavra de Deus. Alguns falam aquilo que está de acordo com a Palavra de Deus. Outros falam qualquer coisa que faça a massa crescer, visando apenas aumentar o número de seguidores, eleitores ou público pagante. Isso não passa de fermento.

Vivemos hoje em meio a muita mistura de coisas genuínas e falsas, por isso é preciso muito cuidado. Dos quatro tipos de solo que receberam a boa semente, apenas um era fértil. Que solo é o seu?

Do campo plantado, apenas parte era formado por trigo verdadeiro, o resto era joio, uma erva daninha plantada pelo diabo. Cristãos falsos e verdadeiros crescerão juntos até que uns sejam recolhidos em feixes e os outros incinerados. Que tipo de planta é você?

A grande árvore que cresceu de uma pequena semente abriga em seus ramos as mesmas aves malignas que arrebatam a semente. O fermento do mal contamina a massa de dentro para fora, dando a ela um crescimento artificial. Você é daqueles que seguem números e seguem a opinião pública?

No mercado você encontra mais produtos falsos do que verdadeiros. Antes de comprar é preciso verificar sua origem e qualidade. Verifique se o cristianismo que estão lhe oferecendo não é pirata; veja se o crescimento não é apenas o resultado de um fungo, como os gases que fazem crescer a massa.

Leitura: Mateus 13:33

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/51-o-fermento.html

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A semente de mostarda


Nas duas outras parábolas ficou claro que o semeador é Jesus e que o seu campo é o mundo. O significado da semente variava: na primeira era a Palavra de Deus e na outra eram as pessoas. Agora a semente é de mostarda e a ênfase é colocada na planta que ela produz.

O reino dos céus começou tão pequeno quanto a menor de todas as sementes. Quem imaginaria que as crenças de um punhado de jovens de classe média liderados por um carpinteiro seriam adotadas por mais de um terço da população da Terra? Hoje mais de 2 bilhões de pessoas se dizem cristãs.

Aquela minúscula semente virou uma árvore grande o suficiente para as aves virem morar nela. Você já sabe quem é o semeador, o que é o campo, a semente e a árvore. E as aves? Quando quiser saber o significado de algo na Bíblia, pergunte à Bíblia.

No primeiro livro da Bíblia, Gênesis, você encontra uma serpente no jardim do Éden iludindo Adão e Eva. No último, Apocalipse, você lê sobre "o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás". Assim fica fácil saber quem é quem.

As aves fazem ninhos na grande árvore da cristandade que começou com uma pequenina semente. Na primeira parábola as aves arrebataram as sementes que caíram à beira do caminho. Jesus explicou que é o Maligno quem arranca as sementes do coração à beira do caminho. E no capítulo 18 de Apocalipse, ao falar de Babilônia, uma alegoria usada para a noiva infiel de Cristo, diz que ela se tornou habitação de demônios, antro de todo espírito imundo e de toda ave impura e detestável.

Juntando tudo, o reino dos céus começou com a Palavra de Deus lançada nos corações, porém nem todos eram férteis para ela germinar. Os frutos genuínos do trabalho do semeador foram plantados neste mundo, mas o diabo, o concorrente, semeou uma imitação daninha do verdadeiro trigo, a qual será deixada até o trigo genuíno ser recolhido em feixes. O falso será queimado.

Enquanto isso, o conjunto de falsos e genuínos crescerá como uma grande árvore que começou pequena, e ela abrigará também Satanás e seus agentes. Portanto você não precisa ir às religiões pagãs para encontrar o diabo. Se der uma olhada na cristandade professa você irá encontrá-lo confortavelmente aninhado em seus ramos.

O que surpreende no grão de mostarda é o crescimento da árvore. E na parábola a seguir Jesus vai falar justamente daquilo que faz crescer: o fermento. Nas próximas postagens vamos ver o que o fermento fez em 2 mil anos.

Leitura: Mateus 13:31-32

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Trigo e joio


O mesmo semeador - Jesus - volta a semear. Na outra parábola a semente é uma só, a Palavra de Deus, mas os solos são diferentes e dão resultados tanto falsos como verdadeiros.

Agora o semeador semeia uma semente que revela ser trigo, e o inimigo planta uma erva daninha muito parecida com o trigo. Estamos falando daqueles que são verdadeiros e falsos na esfera do reino dos céus.

O reino dos céus não é a igreja, mas a esfera dos que professam crer em Jesus, sejam eles genuínos ou não. A igreja não existia quando Jesus contou esta parábola, e só seria formada após sua morte e ressurreição. Leia o capítulo 2 de Atos para entender.

No campo, que é o mundo, há falsos e verdadeiros, mas na igreja, que é o corpo de Cristo, o conjunto dos que foram salvos por ele, todos são genuínos. Quando falo "igreja" não estou falando das organizações ou denominações que os homens chamam de "igrejas". Nelas são as próprias pessoas que se tornam membros. No corpo de Cristo é ele próprio quem acrescenta os membros.

Se você aprendeu teoria dos conjuntos vai entender que a igreja é um subconjunto de um conjunto maior chamado cristandade, a esfera dos cristãos professos, sejam eles joio ou trigo.

O semeador da parábola semeia a boa semente no mundo. O inimigo vem e semeia o joio, a erva daninha, aqueles que apenas professam ser servos no reino dos céus. O inimigo é, obviamente, o diabo, e ele espalha os falsos cristãos pelo mundo numa tentativa de corromper os verdadeiros.

Não há como arrancar o joio. Os verdadeiros cristãos vão continuar espalhados por aí, misturados com os falsos, até chegar a hora em que Deus providenciará essa colheita seletiva. Isso não é tarefa para os homens fazerem.

Falar de semeador, de joio e de trigo numa sociedade predominantemente urbana como a nossa pode não fazer muito sentido. Mas você vai entender a gravidade da coisa se eu recontar a história assim:

"Era uma vez um fabricante que lançou um produto de grife. Veio o concorrente e entulhou o mercado com uma cópia barata e pirata".

Agora você entendeu que o falso não presta, mas é tão parecido com o verdadeiro que é impossível tirá-lo do mercado sem correr o risco de destruir o verdadeiro. É melhor deixar o fabricante decidir quando e como irá recolher os produtos piratas para incinerá-los.

Leitura: Mateus 13:24-30; 37-43

O semeador

A primeira parábola do capítulo 13 de Mateus fala do semeador que é Jesus, da semente que é a sua Palavra e dos diferentes tipos de solo, ou as pessoas que entram em contato com ela. Qual destes solos é você?

A primeira semente cai à beira do caminho, um solo continuamente compactado pelas pessoas. Se você se considera o cidadão comum, que é influenciado por estatísticas e guiado pela opinião pública, este solo é você.

É o solo humanista, que adora o homem em lugar de seu Criador. A Palavra de Deus não encontra lugar nesse tipo de solo e logo a semente é arrebatada pelas aves, que aqui representam Satanás.

A próxima semente cai em solo pedregoso, com terra suficiente para germinar, mas não para criar raízes. Logo é queimada pelo sol. Este é o que recebe a Palavra com empolgação, sem convicção de pecado, como se fosse mais uma técnica de auto-ajuda. Qualquer tribulação ou perseguição põe fim à festa.

Jesus nunca prometeu uma vida fácil, e basta ver a vida que ele ou seus discípulos levavam para entender que cristianismo não é ser curado de todas as doenças, andar de carro importado ou ser o candidato mais votado nas próximas eleições.

A semente que cai entre espinhos não pode crescer por estar sufocada pelas preocupações e pelo engano das riquezas. Se você decidiu ir a Jesus para resolver seus problemas, tirar a empresa da falência e aparecer na próxima lista de milionários, com tantos espinhos agarrando você eu duvido que consiga sair do lugar nas coisas de Deus.

Das 4 sementes uma cai em solo fértil, germina, cresce e produz à razão de 10 mil, 6 mil e 3 mil por cento. Apesar dos resultados serem diferentes de pessoa para pessoa, Deus providencia para que todos dêem fruto, até o mais incógnito de seus filhos. Lembre-se de que para cada cristão que tenha causado um grande impacto neste mundo existe um anônimo que o encaminhou a Jesus.

Três coisas impedem que a semente dê fruto: o diabo, que a arrebata da beira do caminho; a carne, desanimada e enfraquecida pelas tribulações; e o mundo, com suas atrações que nos agarram como espinhos. Que tipo de solo o evangelho irá encontrar em você?

Leitura: Mateus 13:18-23

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/48-o-semeador.html

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Parábolas



Na última postagem vimos uma mudança radical no ministério de Jesus. Ao ser rejeitado pelos judeus, ele estabelece as novas bases do seu relacionamento com as pessoas.

Não seriam mais levados em conta os laços naturais, como os que tinha com sua mãe e irmãos, e nem os laços nacionais, com seu povo de Israel. O que agora importava eram os laços de obediência daqueles que se convertiam em discípulos de Jesus.

Jesus sai de casa - e o significado é este mesmo - para falar às multidões em geral e aos discípulos em particular. Por isso fala em parábolas.

Parábolas são histórias com um ensino agregado. Jesus ensina que tudo o que dissesse por parábolas seria entendido completamente por seus discípulos, mas apenas parcialmente pela multidão.

A multidão representa quem vai atrás de Jesus por curiosidade ou em busca de cura, sustento e bens materiais, que ouve as palavras de Jesus sem entender o que ele diz. Para os discípulos ele reserva um encontro privativo, separado da multidão, para explicar a sua vontade.

O que a multidão pode entender de Jesus é superficial, aquilo que você encontra nas revistas, nos filmes de Hollywood ou nos escritores e pregadores que falam o que o povo gosta de ouvir. O que Jesus realmente quer dizer, os mistérios do Reino dos céus, você só descobre quando tem um encontro pessoal com ele.

Quem tem isso recebe muito mais. Quem não tem, até o conhecimento superficial que tem lhe será tirado. A pior coisa que pode acontecer a alguém é chegar a esse estado de ouvir sem entender e ver sem perceber.

A parábola do semeador é a primeira de sete que dão uma visão do caráter do reino dos céus. O reino dos céus não é a igreja, mas a esfera na qual esse reino é reconhecido, tanto externamente, por aqueles que são súditos apenas da boca para fora, como realmente, por aqueles que se convertem a Jesus e reconhecem o seu senhorio.

O reino previsto no Antigo Testamento e anunciado por João Batista entra agora em uma fase mais efetiva. Rejeitado, morto e ressuscitado, o Rei está hoje ausente e você encontra duas classes de pessoas vivendo na esfera de influência desse Reino: aqueles que apenas professam ser cristãos e aqueles que realmente se converteram a Cristo. Em que classe você está?

Leitura: Mateus 13:1-17

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/47-parabolas.html

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A família de Jesus


Os religiosos judeus duvidam de Jesus pedindo a ele um sinal. Mas não era só deles que vinha a rejeição. Seus próprios irmãos não criam nele. O evangelho de Marcos 3:21 mostra que, enquanto Jesus conversava com os fariseus, seus irmãos estavam a caminho para falar com ele, pois achavam que ele havia enlouquecido. Alguém o avisa de que sua mãe e seus irmãos estão lá fora querendo falar com ele.

"Quem é minha mãe?", pergunta ele. "E quem são meus irmãos?" Então ele aponta para seus discípulos e diz: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, irmã e mãe".

O incidente é emblemático e marca uma virada no ministério de Jesus em relação a Israel. Sua mãe e seus irmãos representam sua ligação natural com seu povo, para o qual ele vinha até aqui dirigindo quase que exclusivamente seu ministério. Os fariseus o acusam de ser movido pelo espírito de Satanás. Sua família acha que enlouqueceu. No evangelho de João diz: "Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam".

Deste ponto em diante há um rompimento com Israel em seu ministério. A continuação do versículo no evangelho de João diz: "...mas a todos os que o receberam, aos que creram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus". De agora em diante o relacionamento com Deus não está limitado a uma nação, mas é estendido a todo aquele que faz a vontade do Pai.

Esta passagem também esclarece dois pontos importantes: primeiro, a mãe de Jesus não tinha um acesso privilegiado a ele, como alguns querem crer. Segundo, Jesus tinha irmãos e irmãs, filhos de Maria e José.

Você se lembra de quando Jesus disse "Vinde e mim"? Pois então entenda, de uma vez por todas, que não precisamos de Maria ou qualquer outro intermediário para irmos a ele. Basta aceitarmos seu convite de amor e não ficar acorrentado a dogmas e tradições que as religiões tentam nos impor para nos manter afastados de Jesus e nos fazer depender de um clero para termos um relacionamento com Deus.

Leitura: Mateus 12:46-50; Marcos 3:31-35; Lucas 8:19-21

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sinais


Depois de todos os milagres que tinham visto os fariseus têm a audácia de pedir que Jesus faça mais um para eles crêem. Deus não se agrada de quem pede um sinal para poder crer. A fé não vem de ver, mas de ouvir a Palavra de Deus. A fé é a certeza das coisas que não se vêem. Quando você confia em alguém, basta a palavra dessa pessoa.

Quando Tomé reconheceu que estava diante de Jesus ressuscitado, ele disse a Tomé: "Porque você me viu, você creu? Felizes os que creram sem ver". Séculos de sinais e milagres operados por Deus entre o povo de Israel não serviram para mudar o coração de um povo incrédulo. Jesus os chama de geração má e adúltera, porque não queriam reconhecer seu Messias e eram infiéis a Deus.

Ele diz que único sinal que precisavam já tinha sido dado: Jonas saindo vivo do ventre do grande peixe, uma alusão à morte e ressurreição de Jesus que estava para ocorrer. Jonas tinha sido lançado no mar da morte para que os outros tripulantes do barco fossem salvos e passou três dias e três noites no ventre do grande peixe. Jesus seria lançado na morte para nos salvar e ficaria três dias e três noites no ventre da terra antes de ressuscitar.

Os habitantes de Nínive haviam crido na pregação de Jonas, e ali estava alguém maior do que Jonas. A rainha de Sabá viajou quilômetros para ouvir a sabedoria de Salomão, e ali estava quem era maior do que Salomão. Um pouco antes Jesus havia dito que ele era maior do que o Templo, e se você continuar lendo a Bíblia verá que ele é o maior do que toda a Criação de Deus; aliás, ele é aquele por meio de quem e para quem todas as coisas foram criadas.

E agora, o que você pretende fazer com Jesus? Crer nele ou esperar algum sinal? Jesus compara os judeus a uma casa vazia e arrumada, só esperando por um morador. Ao se recusarem em receber ao único que podia legitimamente morar naquela casa eles ficavam vulneráveis a serem invadidos por sete espíritos de erro e engano.

Você já abriu a porta para Jesus ou pretende esperar por outro morador? Talvez você diga que já tem uma religião que recebeu por tradição de sua mãe. Mas não estou falando aqui de uma religião, mas de uma pessoa, Jesus, o Filho de Deus, o Salvador.

Leitura: Mateus 12:38-45; Lucas 11:29-32

Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/10/45-sinais.html

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Raça de víboras


Apesar de testemunharem tudo o que Jesus vinha fazendo de bom, como expulsar demônios, curar enfermos e ressuscitar mortos, os fariseus pecavam contra o Espírito Santo ao atribuir tudo aquilo ao poder de Satanás. Consideravam o próprio Jesus um possesso.

As palavras deles apenas expressavam que aquilo que existe no coração do homem: inimizade contra Deus. Onde foi que isso começou? No jardim do Éden, quando o homem quis fazer a sua vontade. Onde continua essa inimizade? No meu coração e no seu, sempre que queremos fazer nossa própria vontade e não a vontade de Deus. Ao perder a aprovação de Deus lá no Éden, agora buscamos desesperadamente por aprovação de Deus e dos homens com base em nossas próprias obras, comportamento, religião etc.

Jesus os chama os fariseus de raça de víboras. Assim como eles somos todos fruto do mesmo engano de Satanás travestido de serpente. Nossa boca é a expressão do que trazemos no coração. Se você crê em Jesus, se traz a Palavra de Deus no coração, irá exaltá-lo, falar dele. Se não, irá falar de si, se gloriar, blasfemar, zombar de Jesus e negar a eficácia de sua obra na cruz para nos salvar.

O resultado de uma conversão real é manifesto primeiro nas suas palavras. Você pode dizer, em alto e bom som, que Jesus é seu Salvador e Senhor? Você crê em seu coração que ele recebeu o castigo por seus pecados e morreu em seu lugar? Sua boca é a prova disso; sua vida também.

Todos nós sabemos que palavras são poderosas. Elas corrompem, criam inimigos e geram destruição. O que pensar de palavras que são capazes de corromper sua alma, confirmar sua inimizade contra Deus e determinarem sua própria sentença de condenação? A Bíblia diz que toda língua confessará que Jesus é Senhor. O problema é que nem todos estarão no mesmo lugar quando reconhecerem isso.

Quando falar de Jesus, lembre-se de que está valendo aquilo que os policiais dizem nos filmes na hora da prisão: "Tudo o que você disser poderá ser usado contra você". O que fazer então? Quer uma sugestão? Comece por estas: "Senhor, tem misericórdia de mim, me salva!" Foi a Palavra de Deus que revelou Jesus a você. São suas palavras que revelam se você realmente crê.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O pecado sem perdão


Na última postagem ficou claro o contraste entre a religião do homem e a compaixão de Deus. Agora os fariseus adotam uma posição de oposição declarada a Jesus. Eles afirmam que Jesus estava possesso de demônio e que era pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios, que expulsava os demônios.

Jesus apela para a lógica. Uma casa dividida contra si mesma não dura muito. Se Satanás expulsa Satanás, está lutando contra si mesmo. E se a idéia dos fariseus estivesse correta, o mesmo eles teriam de dizer dos exorcistas que havia entre eles. Na tentativa de negar o poder de Jesus, eles acabavam incriminando a si próprios.

O que Jesus estava fazendo era parte de um processo que incluía entrar na casa do valente Satanás, amarrá-lo e então saquear os seus bens. Primeiro Jesus demonstrava o seu poder sobre Satanás invadindo a própria esfera de sua atuação, este mundo, e limitando seus movimentos. Depois, na cruz, iria desferir o golpe mortal: esmagar a cabeça da serpente, como tinha sido prometido no Éden. Aí passaria a saquear sua casa, libertando-nos do poder das trevas para a sua maravilhosa luz.

Ao atribuir o poder de Jesus a Satanás, e não ao Espírito de Deus, os fariseus incorriam no pecado para o qual não há perdão. Aquele pecado sem perdão era cometido na presença do próprio Filho de Deus enquanto estava aqui.

Isso é diferente de colocar em dúvida as artimanhas do picareta que abriu uma igreja ali na esquina para enganar o povo em troca de dinheiro. O próprio Jesus previu que haveria pessoas assim, que expulsariam demônios em seu nome, porém nada tinham a ver com ele.

Hoje Deus está pronto a perdoar a quem pecar, maldizer e até blasfemar, desde que essa pessoa creia em Jesus como seu Salvador. Se você vive angustiado por achar que cometeu um pecado sem perdão, de onde pensa que vem esse sentimento de angústia. Do próprio Espírito Santo, que ainda não desistiu de você.

O pecado sem perdão hoje é resistir ao Espírito Santo de Deus, quando este procura convencer alguém do pecado e da justiça. O pecado sem perdão hoje é morrer na incredulidade.

Ao rejeitarem a Jesus, os fariseus escolhiam de que lado estavam. E você, já escolheu de que lado está? Negar a operação do Espírito de Deus em Jesus era apenas o começo das muitas obras más daqueles religiosos fariseus.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Invejosos religiosos


Jesus é apresentado como o Messias, mas no caráter de um servo, algo que nenhum judeu esperava. Agora, ao curar um endemoninhado cego e mudo, os leigos passam a considerar seriamente a possibilidade de ele ser o filho de Davi, um dos títulos dados ao Messias. O clero, porém, não podia admitir isso.

Enquanto hipocrisia é você querer parecer o que não é, inveja é querer ser quem você não é ou ter o que você não tem. O pecado de Adão foi uma forma de inveja, quando ele quis ser como Deus. Satanás, na forma de serpente, disse a Eva: "Vocês serão como Deus". O próprio Satanás já tinha sido expulso da presença de Deus por querer se igual a Deus.

A religião transforma você em um hipócrita, ao exigir que você viva segundo um padrão que é incapaz de atingir. Aí você finge ser uma boa pessoa e passa a desdenhar daqueles que não rezam pela mesma cartilha. Aqueles clérigos judeus eram assim.

Além disso, a religião transforma você num invejoso, do mesmo modo como aconteceu com os fariseus. O Senhor e Salvador estava bem ali, na frente deles, mas isso era uma pedra no sapato de quem queria ser senhor e salvador de si mesmo.

Quando você confia que a sua conduta poderá salvá-lo, Jesus passa a ser um estorvo. No máximo você o adota apenas como um exemplo, um mártir ou até mesmo um talismã, menos como o seu Salvador. Afinal, por que você precisaria de outro salvador se acredita na auto-salvação? Por que precisaria de outro senhor, se quer ser dono do seu próprio nariz?

No final do evangelho de Mateus você descobre que Pilatos sabia que os fariseus haviam entregado Jesus à morte por inveja. E até hoje as pessoas religiosas continuam hipócritas e invejosas como os fariseus, querendo parecer o que não são, e ser e ter o que não podem.

Mesmo assim, Deus se compadece de nós e quer nos dar um lugar elevado, mas ao seu modo. Depois de Jesus derramar seu sangue na cruz para nos purificar de nossos pecados, Deus convida você a crer nele para se tornar filho de Deus e co-herdeiro com Cristo. Tudo o que você quis conquistar com seus próprios esforços Deus agora oferece de graça.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Jesus no meio


"Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" 
Mt 18:20

Ao se colocar no meio de seus discípulos reunidos, Jesus lhes ensina uma lição. Em breve ele subiria ao céu e eles não poderiam mais contar com sua presença física e palpável como nesta reunião. Mas mesmo assim eles não deixariam de contar com sua presença em seu meio. Afinal, ele prometeu: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20).

Embora algumas versões modernas tragam "onde dois ou três se reunirem em meu nome", esta não é a forma correta. Dizer que "as laranjas se reuniram sobre a mesa" não é o mesmo que dizer que "as laranjas estão reunidas sobre a mesa". No primeiro caso, as laranjas têm em si algum poder ou iniciativa. No segundo, algo ou alguém reuniu as laranjas, seja a cesta ou o dono da casa.

As pessoas na grande maioria dos agrupamentos cristãos de hoje "se reúnem", isto é, se organizam em torno de uma ideia, doutrina, denominação ou líder. Será que isso é o mesmo que ser reunido ou congregado ao nome de Jesus. Será que é a pessoa de Cristo o imã que as atrai? Será ele a razão, o meio e o fim de estarem reunidas? A resposta a estas perguntas depende de outros questionamentos.

Se no meio não estiver Jesus -- e quero dizer "no meio" como aquilo que realmente leva as pessoas a estarem ali -- então não é uma reunião ao nome dele ou para ele. Mas o que poderia substituir Jesus como aquilo que atrai as pessoas para estarem ali? Outras atrações.

Você já reparou o quanto de entretenimento foi acrescentado às reuniões cristãs? Shows de bandas, cantores e dançarinos. Pregadores contratados com cachês milionários para "reavivar" as pessoas. Megaespectáculos com promessas de curas e milagres com hora marcada, como se a agenda de Deus estivesse ao dispor de seus organizadores. Será isso o que encontramos na Palavra de Deus? Julgue você.

Aqui os discípulos estão isolados do mundo exterior, as portas e janelas trancadas, e Jesus no meio. "Paz seja com vocês!" diz ele. "Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se quando viram o Senhor" (Jo 20:20). E você, de que mais precisa para se alegrar? Será que as evidências da morte de Jesus por você -- suas marcas nas mãos e no lado -- já não são suficientes para despertar seu interesse nele? Será que é ele quem está no meio do lugar que você frequenta, ou é um pregador, uma banda ou um ritual?

Maria, irmã de Marta e Lázaro, escolheu a melhor parte: Jesus e sua palavra, nada mais. Toda a atividade de Marta, supostamente para servir a Jesus, só lhe valeram uma repreensão do Senhor. Ela estava perdendo a melhor parte. E você, tem se ocupado com pessoa de Jesus ou com as coisas de Jesus. Talvez você precise ver algo, como eloquência, luzes e sons. Se for este o seu caso, você não está sozinho: Tomé também era assim.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Teremos cicatrizes no céu?


Só um terá cicatrizes no céu.: Nosso bendito Senhor Jesus! As mesmas marcas que nos fizemos nas suas mãos, pés e no Seu lado, nos as veremos como os discípulos as viram após a ressurreição. Mas nenhum daqueles que foram salvos por Ele terá cicatrizes. Todos estarão devidamente ressuscitados ou transformados em um corpo glorioso, sem qualquer ligação com seu passado na Terra.

É interessante que o Cordeiro visto em Apocalipse é um "como que foi morto". A marca da morte estará eternamente associada ao Cordeiro que morreu para nos resgatar. E desfrutaremos mais do conhecimento dessa tremenda obra que Ele cumpriu se entendermos que ela foi feita primeiramente para Deus. Somos beneficiados por ela, mas a glória de Deus foi a razão primeira da morte do Cordeiro. Ele é o Cordeiro que tira "o pecado" (singular) do mundo antes de ser o que leva "os pecados" (plural) dos salvos.

Penso assim por causa da cena quando o Senhor apareceu para os discípulos, já com Seu corpo ressuscitado. "E dizendo-lhes isto, mostrou-lhes as Suas mãos e o lado... Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão e mete-a no meu lado" João 20.21-27

As marcas do Senhor estavam lá. Um dia Deus colocou o primeiro Adão em um profundo sono, "...e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar" (Gn 2.21). Da ferida do seu lado Deus tirou uma esposa para Adão. Com o "último Adão" Deus fez o mesmo: de Seu lado ferido tirou-Lhe uma esposa, a Igreja.

Creio haver uma referência profética das feridas do Senhor em Zacarias 13.1-6, figura do Senhor quando Se encontrar com Seu povo terrenal: "E se alguém lhe disser: Que feridas são essas nas Tuas mãos? Dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos".

Não tarda o momento (talvez hoje!) quando veremos Suas feridas, Suas marcas do amor. E nunca, jamais, nos cansaremos de contemplar Aquele que morreu na cruz por nos. Eternamente.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

As razões de Deus


Por pertencer à espécie humana, o cego do capítulo 9 do evangelho de João era um pecador, portanto sujeito às imperfeições causadas pelo pecado. Mas por que um nasce cego e outro não? Pensando que sua deficiência fosse resultado direto de algum pecado seu ou de seus pais, a pergunta dos discípulos sugere duas possibilidades.

A primeira é de que ele tivesse pecado antes de nascer, mas a ideia de alguém viver, morrer e reencarnar para se livrar de pecados é claramente descartada na Bíblia. Na carta aos Hebreus diz que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo".

A outra possibilidade é que sua deficiência fosse um castigo por algum pecado cometido por seus pais. Em ambos os casos, ou o homem é visto como responsável por um defeito que não poderia ter causado a si mesmo, ou estaria sofrendo pelo pecado cometido por terceiros.

Jesus resolve o enigma afirmando que "nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus". O cego tinha pecados? Sim. Seus pais? Também, como qualquer ser humano. Mas neste caso sua deficiência não era fruto de algum pecado em particular, seu ou de seus pais. Ao permitiu que o homem nascesse assim, Deus tinha em vista algo maior: manifestar nele a obra e o poder de Deus.

Todos nós somos cegos quando o assunto é enxergar as razões de Deus, por isso nos indignamos sempre que algo ruim acontece conosco. Em 1 Coríntios diz que "quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido".

Quando pequeno eu não entendia como meus pais podiam me amar na hora da bronca ou das palmadas. Que amor de mãe era aquele que me fazia engolir uma colher diária de óleo de fígado de bacalhau? E por que meu pai me segurava e não me socorria quando o farmacêutico me atacava com uma seringa? Por mais que me explicassem as razões, naquela idade eu não entenderia. Só hoje eu entendo.

Nossa dificuldade não está em não existir uma razão para o sofrimento. O problema é que, ou não entendemos, ou simplesmente não querermos aceitar as razões de Deus. Na carta aos Filipenses, depois de dizer que aprendeu a viver contente em quaisquer circunstâncias, o apóstolo Paulo conclui: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece". Em Cristo, eu e você também podemos todas as coisas. Inclusive aceitar que Deus está com a razão.

De quem é a culpa?


Ao encontrarem o cego de nascença, os discípulos de Jesus tentam descobrir a causa do problema, e erram ao levantarem apenas duas possibilidades. Eles perguntam: "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?".

A origem de um rio é sua nascente, mas a razão de ele correr neste, e não naquele lugar, depende de vários fatores. É simples entender que a origem de todo o sofrimento é o pecado que arruinou a criação, mas não é tão simples assim descobrir por que um sofre e outro não.

Apesar de existirem problemas que são um resultado direto de nossos erros, como bater no poste por dirigir embriagado, é preciso cautela antes de culpar alguém por algum defeito, doença ou desgraça. Ao encontrarmos uma pessoa que sofre, costumamos agir como os três amigos que visitaram Jó em sua tribulação: eles estavam indo muito bem até decidirem abrir a boca.

A interpretação que os três amigos dão para a desgraça de Jó no livro de mesmo nome não representa a sabedoria de Deus, e sim a sabedoria humana. Em 1 Coríntios diz que o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria humana, portanto o método usado por Elifaz, Bildade e Sofar não serve para discernir a razão do sofrimento de alguém.

Elifaz fala da experiência própria e individual. Ele diz no capítulo 4 do livro de Jó: "Conforme tenho visto...". Bildade, o outro amigo, apela para a tradição. No capítulo 8 ele diz: "Pergunte às gerações anteriores e veja o que os seus pais aprenderam". No capítulo 11 é a vez de Sofar apresentar seu argumento religioso e legalista. Segundo ele, se Jó consagrar seu coração a Deus e parar de pecar, tudo irá bem.

Somos assim: julgamos as pessoas pela nossa experiência, pelas nossas tradições e pela religião, e deduzimos que, se alguém sofre, é por ter falhado em algum destes pontos. É claro que esse tipo de julgamento também me faz sentir superior à pessoa que sofre, e minha mensagem acabará sendo: Seja como eu e você não irá sofrer. Mas, parafraseando José no livro de Gênesis, "estaria eu no lugar de Deus?".

Paulo, na carta aos Romanos, diz: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor?". Pois é, nem eu nem você somos capazes de entender os motivos e razões de Deus. O melhor é não sairmos por aí dando o nosso veredito para a razão do sofrimento de cada um.

Quando os discípulos perguntam se o cego nasceu assim por causa de algum pecado dele ou de seus pais, Jesus responde: "Nem ele pecou nem seus pais". Então por que ele nasceu cego? A resposta está na próxima postagem.

Fonte: Texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2010/02/194-o-cego-que-nasceu-assim.html

2022 será o ano da tua vitória!

Caro cristão, se alguém te disser: "2022 será o ano da tua vitória!" Responda: Estás atrasadíssimo, o ano da vitória do cristão fo...