Por pertencer à espécie
humana, o cego do capítulo 9 do evangelho de João era um pecador, portanto
sujeito às imperfeições causadas pelo pecado. Mas por que um nasce cego e outro
não? Pensando que sua deficiência fosse resultado direto de algum pecado seu ou
de seus pais, a pergunta dos discípulos sugere duas possibilidades.
A primeira é de que ele
tivesse pecado antes de nascer, mas a ideia de alguém viver, morrer e reencarnar
para se livrar de pecados é claramente descartada na Bíblia. Na carta aos
Hebreus diz que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo
depois o juízo".
A outra possibilidade é
que sua deficiência fosse um castigo por algum pecado cometido por seus pais.
Em ambos os casos, ou o homem é visto como responsável por um defeito que não
poderia ter causado a si mesmo, ou estaria sofrendo pelo pecado cometido por
terceiros.
Jesus resolve o enigma
afirmando que "nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que nele se
manifestem as obras de Deus". O cego tinha pecados? Sim. Seus pais?
Também, como qualquer ser humano. Mas neste caso sua deficiência não era fruto
de algum pecado em particular, seu ou de seus pais. Ao permitiu que o homem
nascesse assim, Deus tinha em vista algo maior: manifestar nele a obra e o
poder de Deus.
Todos nós somos cegos
quando o assunto é enxergar as razões de Deus, por isso nos indignamos sempre
que algo ruim acontece conosco. Em 1 Coríntios diz que "quando eu era
menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as
coisas de menino. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então
veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente,
como também sou plenamente conhecido".
Quando pequeno eu não
entendia como meus pais podiam me amar na hora da bronca ou das palmadas. Que
amor de mãe era aquele que me fazia engolir uma colher diária de óleo de fígado
de bacalhau? E por que meu pai me segurava e não me socorria quando o farmacêutico
me atacava com uma seringa? Por mais que me explicassem as razões, naquela
idade eu não entenderia. Só hoje eu entendo.
Nossa dificuldade não
está em não existir uma razão para o sofrimento. O problema é que, ou não
entendemos, ou simplesmente não querermos aceitar as razões de Deus. Na carta
aos Filipenses, depois de dizer que aprendeu a viver contente em quaisquer
circunstâncias, o apóstolo Paulo conclui: "Posso todas as coisas naquele
que me fortalece". Em Cristo, eu e você também podemos todas as coisas.
Inclusive aceitar que Deus está com a razão.
Fonte: Texto de Mário
Persona | http://www.3minutos.net/2010/02/195-as-razoes-de-deus.html