Foto: ruínas de Laodicéia, era uma das mais importantes cidades da Ásia Menor. Atualmente o local encontra-se deserto. Fonte: Wikipédia
As sete cartas às
igrejas de Apocalipse representam sete períodos do testemunho cristão na terra,
quatro deles permanecendo até a vinda de Cristo. A última carta, que representa
o último e atual período da cristandade, é Laodiceia, cujas características
dificilmente seriam consideradas ruins aos olhos humanos. Como mandam as regras
do politicamente correto, ela não é fria nem quente, mas morna, isto é, procura
agradar a todos. Ela é autossuficiente e gloria-se de seus feitos, ao contrário
de Filadélfia, que se mostra dependente da Palavra de Deus, exalta o nome de
Jesus e é elogiada pelo Senhor, não por si mesma.
Mas os feitos de
Laodiceia, que podem parecer grande coisa a quem se deixa impressionar por
números e cifrões, servem apenas para causar repulsa no Senhor. Ele está a
ponto de vomitá-la de sua boca. “Miserável, digno de compaixão, pobre, cego e
nu” (Ap 3:17). Esta é a opinião que Jesus tem do testemunho cristão hoje no
mundo. É sempre bom lembrar que, enquanto a igreja é a noiva de Cristo, formada
apenas pelos verdadeiros salvos, o testemunho cristão inclui todos os que
professam o nome de Jesus, verdadeiros ou falsos. Após o arrebatamento da
igreja -- os verdadeiros salvos -- os falsos serão a Babilônia, a noiva infiel
que se prostitui com os poderes do mundo e passa a perseguir o remanescente de
judeus que se converterá após o arrebatamento.
Na continuação do
capítulo 3 de Apocalipse você encontra Jesus do lado de fora dessa cristandade
corrupta, batendo à porta em busca de comunhão individual, já que coletivamente
Laodiceia é um desastre e representa os últimos dias antes da vinda da
apostasia e do anticristo. O arrebatamento é tipificado logo após a carta a
Laodiceia, no primeiro versículo do capítulo 4 de Apocalipse, que diz: “Depois
dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu. A voz que
eu tinha ouvido no princípio, falando comigo como trombeta, disse: ‘Suba para
cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas’”.
A palavra grega Laodiceia
significa “direitos do povo” e é esta a característica da cristandade dos
últimos dias. Na carta aos Filipenses Paulo já dizia que “todos buscam os seus
próprios interesses e não os de Jesus Cristo” (Fp 2:21) e a resposta do Senhor
à atitude prepotente e autossuficiente de Laodiceia pode ser vista na abertura
da carta, quando ele diz: “Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o soberano da criação de Deus” (Ap 3:14). O que ele quer dizer é
que toda a criação está sujeita a ele, o que põe por terra qualquer ideia de
autossuficiência. Além disso, apesar do fracasso do testemunho cristão, ele
continua sendo “a testemunha fiel e verdadeira”. E para encerrar qualquer
discussão sobre qual opinião deve prevalecer, ele chama a si mesmo de “Amém”,
ou seja, aquele que tem a palavra final.
Mário Persona