Toda experiência e modo
de agir do cristão dependem do lugar que Deus ocupa em seu coração. Em outras
palavras, existe uma conexão moral muito forte entre a estima que temos de Deus
e nossa conduta. Se nossos pensamentos acerca de Deus forem baixos, também será
baixo o padrão do andar cristão; se forem elevados, aí o resultado será
correspondente.
Por isso quando os
israelitas, ao pé do monte Horebe, transformaram a glória de Deus "na
figura de um boi que come erva"(Sl 106:20), as palavras do Senhor a Moisés
foram: "O teu povo... se tem corrompido" (ler Êxodo 32:7). Atente bem
para estas palavras: "se tem corrompido". Eles nada mais fizeram do
que se corromperem a si mesmos, quando baixaram o nível da estima que tinham da
dignidade e majestade de Deus a um patamar tão baixo quando imaginar, ainda que
por um momento, que Deus fosse como "um boi que come erva".
O ensino de Romanos 1
(ler todo o capítulo) é similar.
Ali o apóstolo,
inspirado pelo Espírito, nos mostra que a razão de todas as abominações das nações
gentias deve ser buscada no fato de eles "tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus" (ler Romanos 1:21). Por esta razão eles "se
têm corrompido". Este é um princípio que acarreta uma vasta influência
prática. Se baixamos o nível de Deus, devemos necessariamente baixar nosso
próprio nível.
Neste sentido, penso
eu, somos levados muito acima e além de toda visão meramente sistemática da
verdade, pois não se trata nem um pouco de uma questão de mera doutrina. Não,
isso nos leva para dentro dos profundos recessos da alma, a fim de ali
ponderarmos, como quem se encontra sob o zeloso escrutínio da vista de Deus,
qual a estimativa que nós, como indivíduos, fazemos da Sua Pessoa a cada dia e
hora. Não podemos nos negar a aplicar nossas mentes com seriedade a este
importante ponto da verdade. A negligência neste sentido irá revelar muito do
segredo do baixo nível de nosso andar e de nosso lamentável amortecimento.
Deus não é
suficientemente exaltado em nossos pensamentos. Ele não ocupa o lugar supremo
em nossas afeições. Não vivemos suficientemente na atmosfera de sua divina
benevolência e fidelidade. Nosso estado mental, nossas experiências, nossos
serviços, nossos conflitos, nossas dores, nossas fraquezas, tudo isso se
interpõe, em grande medida, entre Deus e as nossas almas, obscurecendo aquela
luz da Divina face que a tudo perscruta.
Ora, sempre que as
nossas próprias coisas nos influenciam de maneira a impedir que desfrutemos
daquele calmo, constante e assegurado descanso do coração e da consciência no
amor redentor, e da eterna eficácia da obra de expiação, podemos ter a certeza
de que estamos descambando para a mera religiosidade e legalismo da natureza
humana, ou mergulhando em total mundanismo e mal moral.
Extraído de "Work in its Right Place", C. H.
Mackintosh