Leitura: Mateus
21:12-17
Após libertar o povo de
Israel da escravidão no Egito Deus ordenou que construíssem um tabernáculo, uma
tenda, para ser o lugar de adoração em sua peregrinação pelo deserto. Aquela
tenda portátil era o único lugar onde os israelitas deviam adorar a Deus.
Quando o povo entrou na
terra prometida, Deus ordenou que Salomão construísse um lugar fixo de
adoração, o Templo, em Jerusalém. Ali Deus colocou o seu nome, o que equivale
dizer que aquele lugar era a representação visível da presença de Deus. Estar
ali era estar na presença do próprio Deus. Aquele era o único lugar do planeta
reconhecido pelo nome de Deus, o único aprovado por ele. Alguém que construísse
um templo ou altar em qualquer outro lugar estaria pecando.
O Templo que Jesus
visita neste capítulo 21 de Mateus não é o mesmo construído por Salomão.
Trata-se de uma reconstrução, mas que é endossada por Jesus por estar no único
lugar que Deus estabeleceu para colocar o seu nome. Esse Templo não existe mais
e hoje o seu terreno é ocupado por uma mesquita. Portanto, em nossos dias não
existe um lugar físico de adoração que possa ser chamado de Templo. Deus não
ordenou a construção de nenhum outro templo.
O Antigo Testamento e
os Evangelhos apresentam contrastes importantes em relação às cartas dos apóstolos.
Até o livro de Atos Deus estava tratando com Israel, o povo que ele escolheu
desde da criação do mundo. A partir do livro de Atos dos Apóstolos Deus passa a
tratar com a Igreja, o povo escolhido antes da fundação do mundo, formado por
todos os que são salvos pela fé em Jesus.
Para Israel havia um
lugar físico de adoração, o Templo de Jerusalém; para a Igreja esse lugar é
onde dois ou três são reunidos pelo Espírito Santo em nome de Jesus. Em Israel
havia um clero de sacerdotes, alguns pouco privilegiados para entrar na
presença de Deus. Na Igreja não há um clero, todos são igualmente sacerdotes
com livre acesso à presença de Deus.
A lista de contrastes é
interminável, mas já deu para perceber que qualquer local físico de adoração ao
qual se dê o nome de "templo" nos dias de hoje não passa de uma
triste caricatura da adoração dos judeus. Qualquer designação de um clero ou de
sacerdotes, idem. Qualquer nome que identifique os cristãos além do nome de
Jesus é também uma afronta ao nome que está acima de todo nome.
Aqui Jesus está antes
da cruz, portanto dentro da ordem de coisas estabelecidas por Deus para os
israelitas no Antigo Testamento. Mas ele encontra no Templo algo que
infelizmente se tornaria uma marca registrada da cristandade dois mil anos depois.
Fonte: texto de Mário Persona | http://www.3minutos.net/2008/12/80-o-templo.html